Romário parou. Por um lado fico feliz, pois ele já não dava mais conta do recado há algum tempo. Mas por outro, fico profundamente triste. Jogadores como ele deveriam sofrer de uma síndrome de Peter Pan e jogar como garotos durante toda a eternidade.
A Romário, eu e toda a minha geração dos vinte e poucos anos deve muito. Não é exagero dizer que comecei a acompanhar futebol por causa dele. Em 1994, quando eu tinha apenas seis anos, acompanhei minha primeira Copa do Mundo. Apesar de já terem passados 14 anos, essa foi a Copa que mais me marcou. Pra provar, sou capaz de dezer todos os jogos da seleção na ordem e com os resultados, mas não consigo fazer o mesmo com a copa de 2002. Nos Estados Unidos, o único jogador que se destacou de verdade, foi Romário. Há quem diga que sem Bebeto, o Baixinho não seria nada. Eu duvido.
Com ele, tive o primeiro orgasmo futebolístico da minha vida, após aquele gol de cabeça na semifinal contra a Suécia no finalzinho da partida. Até o mais famoso gol da carreira de Branco, aquele de falta contra a Holanda, teve a mãozinha do Baixinho. Se ele não sai da frente... Foi a imagem dele erguendo o troféu supremo do futebol que guardei na memória como representando aquela conquista, afinal de contas tinha a impressão que ele poderia entrar em campo sozinho que, mesmo assim, a conquista seria nossa.
De ídolo, Romário passou a algoz dentro do meu imaginário de torcedor. Depois daquele elástico em cima de Amaral foi que constatei de uma vez por todas que o Corinthians era mesmo freguês do Flamengo. Infelizmente, essa constatação perdura até hoje...
Depois de tanta coisa, pode até parecer cruel ter desejado que ele se aposentasse. Mas não é. Ver o maior centroavante que eu já vi dentro de campo fazendo papelões como técnico do Vasco ou virar motivo de piada por causa da sua mobilidade, é duro. Prefiro assisti-lo em especiais na televisão em campeonatos de futvôlei, do que assistir a um jogo em que ele esteja em campo virando presa fácil dos zagueiros mais pífios.
Em tempos de escassez de ídolos verdadeiros, que suem a camisa de um time pelo simples prazer de jogar bola e não pelo valor monetário que aquele escudo carrega, Romário fará falta. Ver Ronaldo dizer que torce pro Flamengo mas que é difícil que ele venha um dia a jogar pelo clube só confirma a minha tese de que esses novos ídolos do futebol não são ídolos coisa nenhuma. São mercenários. Não que o Baixinho estivesse fora do esquema mercadológico da bola, mas seu talento foi plenamente brasileiro na maior parte do tempo. Ele ama o futebol brasileiro, sobretudo a seleção. Não acredito mais que nenhum jogador nos próximos anos chore após ser cortado dos jogos com a seleção brasileira. Romário foi o último em 1998, e continuará sendo por muito tempo.
Boa sorte ao Baixinho de hoje, que com certeza manterá o futebol em primeiro plano na sua vida, só que agora fora do campo. Ele merecerá todas as nossas reverências seja dentro ou fora do campo.
terça-feira, 15 de abril de 2008
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