segunda-feira, 28 de abril de 2008

Surpresas

Ontem foi um dia de vários clássicos pelo Brasil inteiro. Como num lampejo, o futebol brasileiro brilhou com jogos sem muita técnica, é verdade, mas com muita dedicação e toda a rivalidade inerente aos clássicos mais empolgantes dos últimos tempos. Eu me arriscaria até a dizer que, em nenhum deles, deu a lógica. Ainda bem, afinal de contas, qual seria a graça do futebol se sempre os favoritos levassem a melhor?
No Rio de Janeiro, a primeira partida da decisão do Campeonato Carioca corria para o que, para mim, era o óbvio. O empate em zero a zero refletiria bem o equilíbrio entre Botafogo e Flamengo e deixaria tudo na mais completa indefinição para o jogo do próximo domingo. Contudo, parece que a estrela que brilhou ontem não foi a do Botafogo. Em uma partida muito equilibrada, com grandes chances para ambos os lados, o técnico Joel Santana, confesso, me surpreendeu. Nunca gostei do técnico rubro-negro e ainda acho que a seleção da África do Sul entrará em dias nebulosos sob o comando do "homem prancheta", mas ele foi o primeiro responsável pela vitória do Mengão ontem. Com uma atitude ousada, abrindo o meio de campo e expondo sua defesa às investidas de um inspirado Wellington Paulista, Joel sacou Ibson e colocou o talismã baiano do time da Gávea. Depois de um primoroso lançamento de Leo Moura, ainda o melhor lateral direito em atividade no país, para Diego Tardelli, o ex são paulino cruzou eObina colocou a bola pra dentro na sua primeira jogada na partida. Não sei se é competência do centroavante em estar na hora certa e no lugar certo. Estou mais pra achar que o rapaz nasceu mesmo com o c* virado pra lua...
Aqui no estado, nem o mais otimista dos torcedores do Vitória iria apostar em um resultado como o de ontem. Com a também improvável vitória do Itabuna sobre o Vitória da Conquista, bastava o tricolor vencer que marcava dez pontos e praticamente acabava com o campeonato. Antes da partida tudo indicava mesmo para uma vitória tricolor, afinal apenas um final de semana antes o Bahia havia humilhado o rival no Barradão, por 4 a 1. Mas não foi o Bahia que venceu. Lembrando o tempo em que jogava no Vasco e era o melhor meia do país, Ramon infernizou os tricolores e fez eles se engasgarem com a menta dos torcedores rubro-negros. Ou melhor, fez eles se entalarem, afinal, quem chupou foi o Vitória. O orifício tricolor é outro.
Depois do jogo até fiquei com pena dos torcedores do Bahia. Recentemente senti algo muito semelhante. Era só ganhar do Noroeste que a gente tava classificado.... O favoritismo era todo nosso... Mas também não vencemos e somos obrigados a ver a Ponte Preta na final do Paulista. Imaginem como seria linda a final entre Corinthians e Palmeiras, o Timão de roxo e o Porco de verde limão. Mais bambi que isso só o São Paulo...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Um sopro de alegria

Confesso. Estive mesmo sem tempo pra aparecer por aqui durante esta semana. Estava meio ocupado cuidando da relação existentes entre os fenômenos culturais e a comunicação e da fenomenologia da linguagem. Ócios do ofício.
Enfim... O assunto que estava em pauta no começo da semana era, obviamente, o Palmeiras e toda a problemática do spray de pimenta e do apagão mais conveniente do futebol nos últimos tempos. Devido aos meus problemas acadêmicos, o assunto expirou e seria mais legal falar da preparação do Verdão pra final do próximo final de semana do que das polêmicas da semifinal que já passou.
Por isso, hoje, vou abrir uma brecha para o futebol internacional. Óbvio que não é surpresa pra ninguém que o nível técnico do futebol europeu é bem superior ao nosso aguerrido e faltoso baba latino americano. Mesmo sabendo disso, ainda fico surpreso com a capacidade de certas partidas do velho mundo tornarem-se eletrizantes mesmo sem um gol sequer. Depois do jogo entre Barcelona e Manchester pela semifinal da Liga dos Campeões hoje, fiquei na dúvida se o gol é mesmo o que mais importa em um jogo de futebol. Caneta, chapéu, chutes precisos, inversões de jogo milimétricas. Até o pênalti perdido foi surpreendente. Jogão de bola, mesmo com o 0 a 0.
Fazendo um paralelo com o futebol jogado em território brasileiro, é fácil perceber que por aqui a história é diferente. Faltas, cartões pra tudo que é lado, árbitros despreparados, jogadores desleais e técnicos sem visão de jogo. Até o São Paulo, referência internacional de que pra se ter um grande time não precisa gastar tanto assim, desandou e perdeu a inspiração de antes. Por isso, o líder de tantas conquistas, Muricy Ramalho, está ameaçado de perder o cargo se for eliminado da Libertadores hoje. No mínimo, injusto.
No meio desse deserto, só vislumbro um oásis. Contudo, esse paraíso no meio do inferno fala espanhol. Com um futebol malandro, habilidoso e com a dose certa da influência do futebol latino, Valdívia é, sem dúvida, motivo suficiente para se assistir um jogo de futebol. Até as provocações com os adversários são hilárias. Que se danem críticos e a CBF, que falam mal da zombaria alheia e proibiram o lado mais simpático do Créu. O verdadeiro motivo dos "atos hostis" e "agressões" julgados pelo STJD não são as provocações, mas o desejo de dar o revide por parte dos provocados. Enquanto este troco for dado em socos e pontapés ao invés de ser dentro das quatro linhas, o futebol vai perder um pouco da sua graça natural.
Eu quero mais é ver Valdívia jogando bonito e provocando mesmo os adversários. Afinal, que graça teria se o goleador fosse consolar o goleiro depois de cada tento? Viva Valdívia! Viva a luz do fim do túnel, mesmo que ela seja chilena.

terça-feira, 15 de abril de 2008

O maior Baixinho de todos

Romário parou. Por um lado fico feliz, pois ele já não dava mais conta do recado há algum tempo. Mas por outro, fico profundamente triste. Jogadores como ele deveriam sofrer de uma síndrome de Peter Pan e jogar como garotos durante toda a eternidade.
A Romário, eu e toda a minha geração dos vinte e poucos anos deve muito. Não é exagero dizer que comecei a acompanhar futebol por causa dele. Em 1994, quando eu tinha apenas seis anos, acompanhei minha primeira Copa do Mundo. Apesar de já terem passados 14 anos, essa foi a Copa que mais me marcou. Pra provar, sou capaz de dezer todos os jogos da seleção na ordem e com os resultados, mas não consigo fazer o mesmo com a copa de 2002. Nos Estados Unidos, o único jogador que se destacou de verdade, foi Romário. Há quem diga que sem Bebeto, o Baixinho não seria nada. Eu duvido.
Com ele, tive o primeiro orgasmo futebolístico da minha vida, após aquele gol de cabeça na semifinal contra a Suécia no finalzinho da partida. Até o mais famoso gol da carreira de Branco, aquele de falta contra a Holanda, teve a mãozinha do Baixinho. Se ele não sai da frente... Foi a imagem dele erguendo o troféu supremo do futebol que guardei na memória como representando aquela conquista, afinal de contas tinha a impressão que ele poderia entrar em campo sozinho que, mesmo assim, a conquista seria nossa.
De ídolo, Romário passou a algoz dentro do meu imaginário de torcedor. Depois daquele elástico em cima de Amaral foi que constatei de uma vez por todas que o Corinthians era mesmo freguês do Flamengo. Infelizmente, essa constatação perdura até hoje...
Depois de tanta coisa, pode até parecer cruel ter desejado que ele se aposentasse. Mas não é. Ver o maior centroavante que eu já vi dentro de campo fazendo papelões como técnico do Vasco ou virar motivo de piada por causa da sua mobilidade, é duro. Prefiro assisti-lo em especiais na televisão em campeonatos de futvôlei, do que assistir a um jogo em que ele esteja em campo virando presa fácil dos zagueiros mais pífios.
Em tempos de escassez de ídolos verdadeiros, que suem a camisa de um time pelo simples prazer de jogar bola e não pelo valor monetário que aquele escudo carrega, Romário fará falta. Ver Ronaldo dizer que torce pro Flamengo mas que é difícil que ele venha um dia a jogar pelo clube só confirma a minha tese de que esses novos ídolos do futebol não são ídolos coisa nenhuma. São mercenários. Não que o Baixinho estivesse fora do esquema mercadológico da bola, mas seu talento foi plenamente brasileiro na maior parte do tempo. Ele ama o futebol brasileiro, sobretudo a seleção. Não acredito mais que nenhum jogador nos próximos anos chore após ser cortado dos jogos com a seleção brasileira. Romário foi o último em 1998, e continuará sendo por muito tempo.
Boa sorte ao Baixinho de hoje, que com certeza manterá o futebol em primeiro plano na sua vida, só que agora fora do campo. Ele merecerá todas as nossas reverências seja dentro ou fora do campo.

Mão Santa

Em um final de semana com tantas coisas interessantes para falar, é complicado escolher um tema único. Podia ser o fabuloso jogo dos dez gols da dupla ViVi pelo Baiano. Ainda por aqui, poderia falar do chororô do técnico Ferreira do Itabuna, dando uma de coitadinho, dizendo que os times do interior são prejudicados contra os da capital. Poderia ser também a revanche mais do que merecida do Botafogo sobre o Flamengo. Ou ainda a derrocada da quarta força do futebol carioca (quarta força sim, Antônio Lopes) diante do time que, na minha opinião, vem apresentando o futebol mais simpático do Brasil no momento, o Fluminense. Mas vou me ater a resenha do jogo entre São Paulo e Palmeiras.
Depois de uma semana conturbada, onde Carlos Alberto e Fábio Santos foram suspensos e de uma derrota para o Audax pela Libertadores, deixando o time em situação desconfortável no torneio continental, era óbvio considerar o São Paulo como a equipe mais debilitada para o duelo. Acredito até que o próprio Muricy enxergou isso, tanto que escalou o time com três zagueiros e dois volantes, fazendo parecer que o time do Morumbi ia jogar no contra ataque dentro da prórpia casa.
O Palmeiras, ao contrário, carregava todo o favoritismo. Treinou a sema toda visando o clássico e contava com as genialidades do chileno Valdívia e do técnico Wanderley Luxemburgo. Pra muitos (inclusive pra mim), o jogo já parecia favas contadas. Fácil para o Verdão, que seguiria para a final apenas pra aniquilar o pobre time do interior que chegasse na final junto com ele. Ledo engano.
Em um jogo chato, apenas uma figura fez a diferença: Adriano. Na minha opinião, ele marcou o gol mais bonito da temporada. São poucos que conseguem ter a malandragem e o tempo de bola que o centroavante mostrou para fazer o gol com a mão direita. Gol de craque. A malandragem faz parte do espetáculo. Por causa do lance, ainda podemos ver a cara de besta do juiz após o jogo, dizendo que "na visão da arbitragem, não foi intencional". Aqui pra nós, foi engraçado. Depois disso, Adriano ainda fez o segundo gol, mostrando habilidade na saída de Marcos, e força física depois de fazer o zagueiro palmeirense se esborrachar no chão após um encontrão sem fazer muito esforço.
É fato que, se o rapaz botar a cabeça no lugar e resolver apenas jogar bola, ele pode se tornar sim um dos melhores centroavantes do planeta. Inteligente, hábil e forte. Pra quê mais?

PS: durante a feitura deste post, em visita ao portal de esportes da Globo. com, vi uma matéria com a manchete: "Márcio Braga diz que Flamengo foi roubado descaradamente contra o Botafogo". Esse cara tem problemas, sinceramente...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O bom filho a casa retorna


Com o advento da resistência física como principal atributo para um jogador ser considerado um bom jogador, superando outras características mais valorizadas em outros tempos do mundo da bola, como habilidade no trato da bola ou até mesmo o tão escasso amor a camisa, as carreiras dos jogadores de futebol começam e terminam muito mais cedo. Isso tem conseqüências graves, e não é tão difícil de percebê-las assim. Uma delas pode ser o despreparado e desconhecedor da história do futebol brasileiro, Alexandre Pato ser comparado a Pelé. Na véspera do amistoso contra a Suécia, o garoto foi questionado por um repórter da ESPN o que representava pra ele jogar uma partida 50 anos após o primeiro título mundial do Brasil contra os mesmos suecos daquela decisão. O garotinho respondeu, com a ingenuidade de uma criança, que não sabia por que não tinha nascido ainda. É lamentável um rapaz que já está rico mamando nas tetas do futebol aos 18 anos, aclamado por muitos como ídolo, não conhecer a história da seleção do seu país. Alguém precisa avisar pra ele que grandes jogadores não se fazem só dentro das quatro linhas. No outro extremo da cronologia, vemos Romário até agora prestando um papel ridículo. O maior centroavante que eu, no auge dos meus 20 aninhos, pude acompanhar está fazendo um papelão e estragando o que poderia ser um final de carreira apoteótico. Mas a gente já conversou sobre isso em posts anteriores...

Depois da embromação de Pato e Romário, vou falar agora do verdadeiro motivo que me animou pra escrever esse post: Ronaldinho Gaúcho. Me assusta ouvir o pessoal da Sportv comparar o garoto de 28 anos com Rivaldo e cogitar o fim da carreira do rapaz. Sob o argumento de que ele não teria "mais nada pra ganhar" ou que ele "já fez um pé de meia bem gordinho", os comentaristas do Arena deixam de lado aspectos que Nelson Rodrigues e eu achamos fundamental na confecção de um ídolo do futebol: a paixão pelo esporte. Se ele acha que já ganhou todos os títulos que poderia ganhar na carreira ou que já está milionário o bastante, por que ele não joga bola simplesmente pelo fato de gostar disso? Todos falam em transferência para Milan ou Chelsea, mas nem sequer cogitaram a hipótese de dinheiro não ser mais o diferencial. Quem sabe no coração do Ronaldinho não está batendo saudades do Olímpico e ele queira jogar mais 10 anos vestindo a camisa do Grêmio? Será que só o grande mercado é que atrai esses jogadores? Eu prefiro acreditar que não.

Depois de cinco anos no Barcelona, o ciclo dele por lá parece ter chegado mesmo ao final. Depois de muito fazer pelo clube catalão, Ronaldinho vai sair pela porta dos fundos, praticamente enxotado pelos dirigentes do Barcelona. Assis, seu irmão e empresário, já foi contactado por dirigentes do Barcelona que disseram que não pretendem contar com o brasileiro para a temporada 2008/2009. Chelsea, Milan, Manchester City e até mesmo um clube da China já fizeram proposta pelo brasileiro. Obviamente, propostas milionárias, com salários beirando os 14 milhões de euros anuais. Confesso não saber quanto vale um euro em moeda brasileira, mas arrisco dizer que se convertêssemos o salário dele para Reais, Ronaldinho receberia por volta de R$4milhões por mês só de salário. Isso foi o que ele recebeu durante todos esses cinco anos de Barcelona. Fazendo as contas... 1 ano tem 12 meses... 5 anos tem 60 meses... 60 meses vezes 4 milhões dá 240 milhões de reais, só de salário. Será que não é o bastante? Tomara que Ronaldinho ache que sim e que o estímulo que dizem faltar pra ele seja conquistar um título mundial com o Grêmio. A paixão pelo tricolor gaúcho tenho certeza que ainda bate naquele peito, afinal de contas todos se lembram das lágrimas do craque após a derrota do Barça contra o Internacional na final do Mundial de Clubes no Japão. Sonho com isso, assim como sonho que um dia Robinho e Diego voltem pro Santos, que Luís Fabiano volte pro São Paulo e até mesmo que Pato volte pro Inter, só que um pouco mais conhecedor da história do futebol canarinho, é claro.

sábado, 5 de abril de 2008

Baianão 2008


Antes de começar a falar qualquer coisa aqui sobre os times, queria expressar minha mais sincera lamentação em relação a forma como é disputada o Campeonato Baiano. A tediosidade que esse campeonato traz nas suas últimas rodadas é imensa e afasta qualquer um que não tenha a obrigação de acompanhá-lo. Será que já não basta termos campeonatos nesse formato no segundo semestre? Sou contra a filosofia do "que vença o melhor" e a favor de uma bela e emocionante final, com todos os ingredientes de uma, inclusive a imprevisibilidade e as possíveis "injustiças".
Bom... Neste domingo começam os jogos do quadrangular final do Baianão. No Lomanto Júnior, o Vitória da Conquista recebe o Bahia, no jogo dos dois melhores times do campeonato. Na minha opinião são os dois candidatos ao título. Mesmo com o tricolor sem estádio, chegando a ir treinar no meio da semana em Dias D´ávila (!), o time de Paulo Comelli mostrou ser sempre forte. Já o alvi verde do interior, maior sensação do campeonato, por incrível que pareça, deverá ter a torcida a seu favor. Os conquisteses vão querer fazer o Bahia provar do próprio veneno.
Em Itabuna, mo Luiz Viana Filho, o time da casa recebe o Vitória. Aposto nos rubro negros e no técnico Wagner Mancini. Uma hora o Leão vai ter que acordar ou vai ser presa fácil para os grandes no segundo semestre. Depois de perder a vaga na Copa do Brasil para o inexpressivo Paraná, esta é a última chance de dar a torcida rubro negra alguma experança que o time não será uma versão baiana do que foi o América-RN no ano passado no Brasileirão. Até agora está difícil. Em relação aos azuis, a impressão que eu tenho é que eles já conseguiram o que queriam e não tem grandes pretensões nessa segunda fase. Com a vaga garantida para a série C, o Itabuna não tem cacife para bater nem o Vitória, quanto mais os outros dois.

Mesmo sem final e arriscado a conhecermos o campeão antes mesmo do torneio acabar, começou a fase do Estadual mais novelesco do Brasil, ou seja, aquele em que não é preciso acompanhar todos os capítulos para se saber o que está acontecendo.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O jogo só acaba quando termina

Sei que essa final do campeonato baiano de 1994 é meio traumática para os torcedores do Vitória, mas qual seria a graça do futebol se não fossem momentos como este?
Enquanto a torcida do Vitória já comemorava, Raudinei tratava de marcar o gol do empate aos 43 minutos do segundo tempo e tirar o título das mãos do Leão. Um lindo momento do futebol baiano.

A vez do Flamengo chorar

Não postei nada aqui ontem, conforme o combinado, mas vou manter a minha promessa de três posts por semana e hoje teremos duas novidades.

Hoje vou falar de Flamengo. Sinceramente, eles estão me saindo pior que o Botafogo com essa história de jogar na altitude. Como muitos andam dizendo por aí, o Flamengo, mais especificamente o Sr. Estardalhaço Márcio Braga, é o líder dos clubes brasileiros em prol da luta contra os jogos na altitude. Santos, São Paulo e Cruzeiro são os outros, mas de forma muito mais contida, organizada e civilizada, entendendo a questão como confronto de interesses, mas, sobretudo, como divergências de opinião. Acredito até que no fundo mesmo, nenhum dos outros trÊs clubes citados anteriormente são verdadeiramente a favor da medida. Quem é pra ser campeão, ganha em cima ou em baixo, não interessa.

No auge do chororô do presidente rubro negro e de seus aliados, que acha que por só por ser presidente do Flamengo pode sair peitando tudo e todos, esquecendo que a maioria tem sempre razão, chegaram até a dizer essa semana que a Federação Boliviana estava ocultando documentos que comprovariam a morte de jogadores simplesmente pelo fato de jogar na altitude. Em resposta, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reagiu com bom humor e atraindo aliados de peso, como o argentino Maradona. Batendo o baba em uma montanha aqui, outro ali, Evo acabou sendo até "escalado" para jogar em um time da segunda divisão boliviana. Ainda conseguiu bater uma bolinha com o Maradona lá em cima. Pra que prova maior que essa que a altitude não faz tão mal assim? Se o Maradona joga lá, depois de tanto se drogar, qualquer um pode jogar. Inteligente o argumento intrínseco do índio, não?

Burro mesmo são os dirigentes rubro negros que, após perderem de lavada na Conmebol, vão chorar nos ombros da Fifa. Márcio Braga, que deve estar aos prantos até agora, dá o seu chilique particular e, segundo depoimento transcrito na Globo.com, Márcio disse o seguinte: "Foi uma decisão completamente estapafúrdia. Eles fizeram uma ameaça que não tem o menor sentido, é inaceitável. Como uma entidade que não tem sequer um tribunal arbitral quer mandar a gente retirar nossa ação no CAS? Isso é uma arrogância. Mandei nosso advogado imediatamente para a Suíça". A ameaça que Márcio faz menção é a de que se os clubes brasileiros resolverem esculhambar e partir pra ignorância, faltando os jogos na altitude, serão punidos com perda de pontos. Nada mais justo. O esbravejamento de Márcio Braga, espero eu que não dê em nada, afinal de contas, se em uma votação entre 10 federações internacionais, só o Brasil se diz contra os jogos na altitude, porque os outros 9 é que devem se adaptar às necessidades tupiniquins?

Só um clube pode comemorar todo esse chororô. O Botafogo. Afinal de contas, agora eles não são mais chorões sozinhos.