segunda-feira, 9 de junho de 2008

EUROCOPA

A primeira rodada da Euro ainda não acabou. Ainda tem amanhã Espanha e Rússia e Grécia e Suécia. Mas o grupo desta primeira fase que vale mesmo apenas assistir é o C, que reúne Itália, França, Holanda e Romênia.
Na primeira partida do grupo, entre França e Romênia, os "le bleu" (não sei se é assim que escreve) mostraram que não são aquilo tudo que falaram e a Romênia provou também que não está tão fraca assim quanto se achava. Tá certo... Dessa vez os romenos não tem nenhum Hagi na equipe, mas aquele tal de Mutu ainda vai dar o que falar. Mesmo assim, acho que ele não vai conseguir carregar os amarelos nas costas, como fez o eterno craque romeno na Copa de 1994, quando levou o time para um inédito terceiro lugar, mas, no mínimo ele deve descolar um contrato melhor no final da competição. Afinal de contas, infelizmente, é pra isso que vem servindo essas competições de seleções. Amor a pátria é balela...
A França, coitada, mostrou que depende muito do craque do Barcelona, Thierry Henry. O jogador brigou com o técnico Domenech antes do jogo, e por birra, o treinador não o colocou em jogo mesmo vendo seu time ter um colapso criativo em campo. Ribery e Malouda foram ridículos e Anelka mostrou que pode vir pra cá reforçar o Bahia. Perdeu uns gols inaceitáveis.
Já o jogo entre Itália e Holanda valeu o ingresso (pra quem estava lá, é claro). Como eu já havia comentado em um desses blogs aí, a Holanda é uma séria candidata ao título. Nilsterooy jogou muito, assim como todo o time. A Itália, apesar da derrota, foi corajosa e deve se classificar junto com os laranjas no final das contas.
O único momento em que os holandeses fizeram feio, foi na hora de comemorar. Que o diga Sneijder...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Aflitos

Talvez esteja até ficando um pouco repetitivo, mas me sinto um pouco na obrigação de falar em prol dos times nordestinos. Hoje, mais duas notícias voltaram a perturbar a minha consciência e me fizeram acreditar ainda mais que o futebol do nordeste ainda é o quintal dos times do sudeste e da própria CBF.
A corda arrebentou mais uma vez do lado mais fraco. A confusão ocorrida no estádio dos Aflitos no dia 31 de maio, com o zagueiro do Botafogo André Luis como protagonista, teve um capítulo a parte hoje que, na minha opinião, foi mais absurdo do que a própria baderna. O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Rubens Approbato, deferiu o pedido de interdição do Estádio dos Aflitos, deixando o Náutico sem estádio no Brasileirão, ao menos até o dia do julgamento, que está marcado para o dia 11 de junho. Além disso, em nota oficial, o presidente do STJD afirmou que a interdição irá durar até a conclusão TOTAL do processo e de uma inspeção em momento “oportuno” realizada por uma comissão da CBF. A pergunta é: Quando? A próxima partida do alvi rubro no campeonato em casa é contra o Vasco, no dia 14 de junho. Até lá, é bem provável que nada tenha se resolvido. Além disso, o juiz do jogo relatou na súmula que os aspectos técnicos do campo, como o gramado, eram ruins e que atrapalhavam a realização normal do jogo. Não acho que a situação do gramado do estádio pernambucano seja a ideal, mas há tempo suficiente para que a situação seja regularizada entre uma partida e outra, sem a necessidade de punição alguma ou déficit para o torcedor. E se eles forem interditar todos os estádios que tivessem um gramado parecido com o dos Aflitos, teriam que fechar os portões de vários outros estádios pelo Brasil. Mas isso não vai acontecer... A necessidade do STJD em demonstrar força e impor respeito é maior que o bom senso da organização. Afinal de contas, porque na ocasião do show do U2 no Brasil, por exemplo, não interditaram o Morumbi até consertarem o gramado? Alguns dias depois foi realizado jogo lá com buracos e ondas que, se os jogadores não se cuidasse, era capaz deles tropeçarem.
E o Botafogo? Quando um empregado de uma empresa faz uma cagada e é responsabilizado por isso, o empregador também responde pelo seu funcionário. O grande protagonista da bagunça do último final de semana foi André Luis. No entanto, o Botafogo vai ser punido apenas por atrasar o reinício da partida, pois o restante dos jogadores do time se recusaram a voltar a campo em solidariedade ao delinquente. Um protecionismo escancarado. Além do mais, responsabilizar o Náutico pelas ações da PM, um órgão de administração do Estado, é o mesmo que responsabilizar o Bahia pela manutenção da Fonte Nova. Loucuras, que só se vêem no futebol brasileiro.
Além disso, vai sair na edição de amanhã da Tribuna da Bahia um provável fechamento de parceria entre o Vitória e a TRAFFIC, mesma empresa que gerencia as finanças do Palmeiras. Será que só eu acho que essa é uma clara manobra de levar os bons jogadores do rubro negro para os grandes clubes do sudeste, especialmente o Palmeiras? O Vitória, que já revelou craques como Dida e Bebeto, não pode ficar refém disso...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mais um peso na balança

É incontestável dizer como o futebol brasileiro é, de longe, o mais saboroso e equilibrado de todo o mundo. Se tomarmos o Campeonato Brasileiro como principal referência, poderemos facilmente comprovar isso. Em 37 edições, 17 clubes já comemoraram ao menos uma vez o título nacional, sendo que apenas 7 deles conseguiram levantar o caneco duas ou mais vezes. A edição de 2008, mais até do que os recentes anos anteriores, vem comprovando mais uma vez essa igualdade. Depois de quatro rodadas, o Cruzeiro vem firme em busca do seu segundo título, com 10 pontos, acompanhado de perto pelo Flamengo, que vai atrás do quinto (ou sexto, dependendo do ponto de vista). O São Paulo, maior campeão, está cambaleando na zona de baixo e até aqui não demonstra capacidade de melhorar em busca de mais um título. Ainda bem, afinal de contas, o tri campeonato do tricolor seria o primeiro na história da competição e começaria a quebrar a escrita de equilíbrio. Além disso, a derrocada são paulina é um grande alívio para o futebol brasileiro. Obviamente não falo pelo futebol mostrado há poucos anos atrás e da representatividade mundial que o time tem. Mas pelo futebol sistemático e sem graça que vem apresentando.
Além do torneio do segundo semestre, ainda temos a Copa do Brasil. Quem diria que, depois de cair para a segunda divisão com uma campanha vergonhosa no ano passado, o Corinthians mostraria forças suficientes para se reerguer tão rápido e chegar tão perto de conquistar uma vaga para a Libertadores? E o Sport também. Como sempre, no começo do ano ninguém aposta em um time do nordeste como força em qualquer competição de nível nacional. Quando chega é surpresa. É verdade que as finanças da equipe pernambucana pode não ter as mesmas cifras que a do São Paulo, por exemplo, mas a organização e o profissionalismo não deixam nada a desejar. A única exceção entre os grandes do Nordeste me parece ser o Bahia, onde a corrupção e o paternalismo parecem imperar. Mas isso é outro papo...
O futebol nordestino, aliás, tem dado muitas alegrias aos seus torcedores. Apesar da confusão dos Aflitos, que envolveu fatores que fogem ao controle do alvi-rubro, o Náutico bateu com sobras o todo poderoso Botafogo, que a mídia esportiva coloca como grande favorito mesmo sem ter ganhado nada desde 1995, quando foi campeão brasileiro. O Vitória, acabou de voltar para a Série A e ainda está em fase de adaptação, mas já mostrou que não vai ser saco de pancadas de ninguém. E o Sport nem se fala.
Essa elevação do futebol nordestino, meio ofuscada pela mídia nacional, vem aí pra equilibrar ainda mais o futebol brasileiro. Dentre aqueles 17 campeões brasileiros citados lá em cima, apenas o Sport, em 1987 e o Bahia no ano seguinte trouxeram o título para a região. Este ano o renascimento de equipes como os rubro negros pernambucano e baiano e do Náutico, na série A, e Fortaleza na série B, deve acirrar mais ainda o equilíbrio do futebol brasileiro e somar mais algumas forças aos todo poderosos sudestinos e sulistas. A minha aposta é que, este ano, o tricolor cearense volte mais uma vez a jogar a primeira divisão e que, depois do término das finais da Copa do Brasil, o Sport se junte ao Náutico na ponta de cima da tabela da Série A e, quem sabe, traga pela terceira vez na história o caneco pra cá.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O faniquito do zagueiro e a exclusão nordestina da mídia

Não quero mais dizer aqui que o que aconteceu ontem no Estádio dos Aflitos, em Recife, foi um absurdo. Isso todo mundo já sabe e já ouviu demais por aí. O que eu fico realmente revoltado é com a dimensão que a coisa tomou em comparação com outros eventos de mesma ou até mesmo maior gravidade do que o faniquito de um zagueirinho qualquer.
Estava ouvindo a resenha esportiva sobre a rodada do Campeonato Brasileiro no rádio ontem a noite, quando um dos locutores da Sociedade AM disse o seguinte: “Viu aí?! Esses caras do Rio de Janeiro chegam aqui no nordeste e acham que podem fazer o que quiser!”. Hoje a tarde, assistindo ao “Redação Sportv”, o presidente do Náutico, Maurício Cardoso, deu uma declaração mais ou menos assim: “Ano passado, nossa equipe estava no estádio do Canindé, em São Paulo, e um torcedor do Náutico morreu na nossa frente e a mídia não deu a atenção que estão dando para o caso do André Luis, por exemplo”. O apresentador do programa fingiu que nem ouviu a colocação do presidente e fez uma outra pergunta fora do contexto do que Maurício Cardoso acabara de falar. Ano passado, no maior acidente da história do futebol brasileiro, na Fonte Nova, quando 7 torcedores do Bahia morreram ao despencar do anel superior do estádio no dia do retorno da equipe à série B, a cobertura nacional da mídia aconteceu sim, é verdade, mas não com o destaque merecido. O tempo passou, e a mídia nacional se preocupa só com as reformas no Maracanã e no Morumbi, visando a Copa de 2014. As novas notícias sobre a tragédia a gente só soube pelos jornais daqui mesmo, e muito em cima do fato do tricolor estar sem estádio pra jogar ou pela candidatura de Salvador a sediar uma das chaves da Copa . E só.
A mídia brasileira em geral dá atenção demais às tragédias que acontecem no eixo Sudeste-Sul, e os nordestinos pé-rapados, (que roubam os empregos deles por lá) que se lasquem. Quem não se lembra quando o alambrado de São Januário na final da João Havelange, no ano 2000, entre Vasco e São Caetano? A televisão cobrava veementemente soluções rápidas para o problema e que os culpados fossem punidos. E não venham me dizer que isso se deu por causa da proximidade dos eventos às sedes das grandes emissoras. Com a expansão desses meios pelo mundo todo, essas fronteiras são facilmente transponíveis, se é que elas existem mesmo.
Não quero aqui defender o revanchismo incitado pelo narrador da Sociedade ou pelo presidente do Náutico, mas sei que eles tem motivos de sobra para falar o que falaram. Quando um zagueiro qualquer do Botafogo, como o André Luis, acorda de mau humor e resolve brigar com a polícia (que cumpriu o seu trabalho, diga-se de passagem), é motivo para repensar a segurança nos estádios de todo o Brasil. Mas quando morrem sete torcedores ao cair das alturas de um dos maiores estádios do Brasil que caia aos pedaços, os baianos que se virem para achar os culpados e os puna. O próximo passo é dizer que o futebol brasileiro está decadente, só porque o Náutico está perto dos líderes da Série A do Campeonato Brasileiro. É melhor a gente se cuidar e fortalecer o futebol e nossas federações o quanto antes, ou senão vamos acabar isolados na nossa insignificância sertaneja. O primeiro passo, que inclusive está em vias de acontecer, é a volta da Copa do Nordeste. Tomara que aconteça e que nossos clubes e torcedores saibam como se defender desse monopólio sulista da dramaticidade. O que é drama lá, é aqui também.